Chamado popularmente de pressão alta, a hipertensão arterial é um problema que pode atingir qualquer faixa etária, porém precisamos estar atentos às especificidades nos pacientes idosos.
O que é hipertensão arterial?
Segundo o Colégio Americano de Cardiologia (American College of Cardiology – ACC), a hipertensão arterial é definida como uma pressão sistólica (popularmente chamada de “máxima”) maior ou igual a 130mmHg e/ou uma pressão diastólica (popularmente chamada de “mínima”) maior ou igual a 80mmHg. Essa condição é um problema muito comum em adultos e idosos, especialmente a partir dos 60 anos, em que a prevalência desta pode chegar a 70% ou mais.
O que muda para o idoso?
Além de ser frequente nessa população, é também nessa faixa etária em que essa enfermidade possui muitos agravantes – por exemplo, a dificuldade de controle adequado. Estudos recentes mostram relação entre idade elevada e necessidade de maiores doses bem como associação de mais de um medicamento para obter um bom controle pressórico. Como também é comum a correlação com outras doenças, as interações medicamentosas devem sempre ser observadas cuidadosamente pela equipe médica.
É também frequente que idosos apresentem um subtipo específico de hipertensão arterial – a hipertensão sistólica isolada, em que apenas o primeiro componente pressórico atinge níveis acima da normalidade, enquanto a diastólica permanece em valores adequados. A definição desta categoria de hipertensão varia em valores, mas geralmente consiste em uma pressão sistólica maior que 140 a 160mmHg, enquanto a diastólica permanece abaixo de 90mmHg. A explicação para isso é que as artérias perdem complacência com o passar da idade, mas também pode ser agravada caso o paciente apresente aumento no débito cardíaco, por condições como anemia crônica, hipertireoidismo, dentre outras condições.
Opções de tratamento
Muitas complicações advêm dessa forma particular de hipertensão: uma delas é o fato de que o componente sistólico elevado na pressão arterial parece ser um preditor muito forte de doença coronariana em idosos – as coronárias são as artérias que irrigam o coração e o bloqueio de seu fluxo pode levar ao infarto do miocárdio. Além disso, a dificuldade no tratamento é clara, uma vez que usar medicamentos que abaixem a pressão pode ocasionar uma diminuição excessiva da pressão diastólica, levando a complicações físicas para o paciente. Um grande número de estudos sugere que não se diminua a pressão diastólica para menos que 60mmHg, para não aumentar o risco de eventos cardiovasculares. Portanto, a primeira linha terapêutica deve ser controlar a pressão com modificações no estilo de vida – como alterações na dieta e introdução de atividade física ao menos 3 vezes por semana.
Caso apenas as modificações no estilo de vida não sejam suficientes, medicamentos de diversas classes podem ser introduzidos, sempre com acompanhamento próximo de um médico para ajuste de dose bem como possíveis interações com outros medicamentos já utilizados. Por fim, a hipertensão arterial é um problema extremamente comum em diversas faixas etárias e se torna mais comum com o passar da idade, assim como com a coexistência com a obesidade, o diabetes e outras alterações metabólicas. É importante fazer o exame médico ao menos anualmente e realizar a prevenção adequada com dieta saudável e atividade física regular.
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