A Medicina se iniciou há mais de 10000 anos com relatos de alguns rituais tribais e, como ciência, há 2500 anos, na Grécia, a partir dos primeiros relatos e experimentos realizados por Hipócrates. A fundação da primeira Faculdade de Medicina ocorreu apenas por volta do século IX.
Com a evolução do conhecimento científico foram surgindo as especialidades médicas que propiciavam um maior conhecimento do médico focado nos sistemas do corpo humano, como cardiorrespiratório, imunológico, endocrinológico, entre outros. A partir dessa intensa especialização o tratamento de cada uma das doenças tornou-se melhor, oferecendo maior controle dos sintomas e longevidade.
Por volta de 1909, surgiu a primeira denominação do termo Geriatria, o médico para idosos, que agora com a população mais longeva, buscava entender melhor as causas e processos de envelhecimento. Ao longo dos anos os especialistas em Geriatria buscaram associar um conhecimento específico sobre cada umas das especialidades clínicas e cirúrgicas a uma visão global do indivíduo, seu processo de saúde e doença, seus valores e seu convívio social, com foco principal em um envelhecimento com qualidade de vida.
Atualmente o médico para idosos busca integrar todos os seguimentos médicos das especialidades, avaliando cada uma das medicações em uso, o risco/benefício delas, os possíveis efeitos colaterais, a necessidade de manutenção ao longo do envelhecimento e, principalmente, informando ao paciente o motivo do uso e o risco da suspensão de cada uma das medicações, com decisão compartilhada e individualização do plano terapêutico.
Em geral, a consulta Geriátrica costuma ser mais demorada do que das outras especialidades, fornecendo tempo aos pacientes e familiares para explicitarem todas as queixas e sanarem as dúvidas que motivaram o atendimento. Em alguns casos o atendimento no consultório pode ser combinado a uma consulta domiciliar que, muitas vezes, contribui para o entendimento do processo saúde doença e como ele está inserido no ambiente social do paciente. Pode ainda contribuir na chamada higiene ambiental, com orientações sobre adaptações que podem ser realizadas no domicílio propiciando melhora de funcionalidade, independência e prevenção de efeitos adversos.
O atendimento com o médico para idosos pode ser realizado a partir da idade adulta, por volta dos 40 ou 50 anos, com foco em medidas preventivas, exames de rotina, orientações sobre comportamento de risco e prevenção de doenças em geral como dengue, sarampo e atualmente mais em evidência o coronavírus (COVID-19).
Nos idosos o foco passa a ser no seguimento, com orientações quanto ao envelhecimento buscando muitas vezes tranquilizar sob aspectos normais da senescência e contribuir com medidas não farmacológicas para a manutenção de funcionalidades e melhor qualidade de vida. Nos casos em que há necessidade de tratamento medicamentoso busca-se o melhor e mais atualizado considerando as particularidades e riscos nessa faixa etária.
Além dos benefícios do seguimento médico Geriátrico para manutenção de qualidade de vida, estudos atuais sugerem grande contribuição do atendimento geriátrico em conjunto com médico oncologista para melhor tomada de decisão em relação aos aspectos do câncer, com médicos cirurgiões para manejo perioperatório com redução dos riscos e melhora dos resultados cirúrgicos e até mesmo com Otorrinolaringologistas, identificando déficits com a avaliação geriátrica ampla e, em conjunto, definir os melhores tratamentos.
Dessa forma, se você já passou pela quarta década e está em seguimento com algum médico de outra especialidade ou não, agende uma consulta com um médico para idosos e contribua para seu envelhecimento saudável e com qualidade de vida.
“Empenhe-se desde já em cuidar bem de si porque envelhecer com saúde é um grande privilégio!”
Bibliografia:
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– Optimizing the geriatrician‘s contribution to cancer care for older patients. Hamaker ME, van Huis-Tanja LH, Rostoft S., J Geriatr Oncol. 2019 Jul 5. pii: S1879-4068(19)30126-2. doi:10.1016/j.jgo.2019.06.018
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– Geriatricians and the older emergency general surgical patient: proactive assessment and patient centred interventions. Salford-POP-GS. Vilches-Moraga A, Fox J. Aging Clin Exp Res. 2018 Mar;30(3):277-282. doi: 10.1007/s40520-017-0886-5. Epub 2018 Feb 6
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