SARCOPENIA: UM ELO ENTRE A NUTROLOGIA E A GERIATRIA

A senescência é o envelhecimento fisiológico e natural do corpo humano. Ao final da terceira década de vida, ocorrem as primeiras alterações funcionais e estruturais em diversos sistemas orgânicos.

O processo de envelhecer é influenciado pelo fator genético e, em maior peso, pelo estilo de vida de cada indivíduo. Tanto o declínio das funções biológicas quanto os padrões de comportamento do indivíduo são fundamentais para a determinação de um envelhecimento saudável – senescência – ou patológico – senilidade.

O envelhecimento do músculo, um processo natural envolvendo perda de massa, força e função musculares, é denominado sarcopenia.

Assim como outros sistemas, o sistema muscular esquelético chega à sua maior funcionalidade entre a segunda e a quarta década de vida e, a partir daí, sofre um declínio, com acentuação após os 70 anos de idade. Entretanto, a sarcopenia agrava-se quando relacionada a outras doenças osteomusculares, como dinapenia, osteoporose e osteopenia. O impacto desse quadro é o comprometimento da capacidade funcional, ou seja, a incapacidade de o indivíduo realizar as atividades básicas e instrumentais da vida diária, afetando qualidade de vida, inserção na sociedade, dependência e aumentando o risco de quedas e fraturas em decorrência de fragilidade, institucionalização e morte prematura.

É possível compreender que essas doenças são alterações fisiopatológicas similares em tecidos diferentes – osso, músculo e tecido nervoso – e compõem uma síndrome musculoesquelética grave, capaz de prejudicar o processo de envelhecimento do indivíduo. Para entender a sarcopenia e, consequentemente, tomar medidas preventivas, é necessário compreender sua complexa etiologia.

A sarcopenia é resultado da interação de distúrbios da inervação e diminuição da quantidade e da qualidade de fibras musculares, porém também é agravada por mecanismos alterados de anabolismo e catabolismo, como perdas hormonais, aumento de mediadores inflamatórios, diminuição da ingestão proteico-calórica, desuso do músculo por sedentarismo ou por doenças incapacitantes e caquexia, obesidade e presença de gordura intramuscular, associação com osteoporose e baixo nível de vitamina D sérica.

Existe uma forte relação da diminuição da independência, maior invalidez e comprometimento do sistema locomotor com comorbidades geriátricas comuns, como obesidade, doenças crônico-degenerativas, incontinência, delirium e úlceras de pressão, que alteram a mobilidade e a funcionalidade do paciente.

A obesidade tem papel fundamental na sarcopenia, manifestando-se por meio da obesidade sarcopênica, ou seja, presença de gordura intramuscular que, associada à atrofia, compromete ainda mais a função muscular.

O envelhecimento é, portanto, um processo que envolve diversas comorbidades simultâneas, entre elas o enfraquecimento e a perda de massa muscular, ou seja, o desenvolvimento natural da sarcopenia.

Por outro lado, o envelhecimento do músculo colabora para a piora do estado geral do idoso, uma vez que promove problemas de locomoção, maior grau de dependência, de risco de quedas e fraturas e de morte.

As fragilidades osteomusculares, como a sarcopenia, devem ser incluídas como componentes de síndromes geriátricas e receber a atenção necessária para que, por meio de medidas de prevenção, diminua-se esse processo natural, mantendo a massa e a força do músculo e alterando impactos negativos na vida do idoso.

fonte: PebMed