Anualmente, no dia 10 de setembro, comemoramos o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. Por esse motivo, o mês de setembro como um todo revestiu-se de uma aura de combate ao suicídio e ao adoecimento mental. No entanto, muitas vezes excluímos a população idosa dessa luta, por mais que o tema também seja relevante para essa faixa etária. Por isso, este texto pretende discutir a respeito da prevenção à depressão e ao suicídio entre os idosos.
A depressão é um transtorno mental que acomete mais de 300 milhões de pessoas ao redor do mundo. A doença pode se apresentar em variados graus de intensidade, porém, está relacionada à perda de prazer nas atividades cotidianas e ao humor deprimido. Esse transtorno pode impactar de forma significativa os laços afetivos dos idosos, tornando-se uma condição crítica à sua saúde. Nesse sentido, em última instância, a doença é um fator de risco para o suicídio, quando não tratada adequadamente.
Alguns dos sinais e sintomas presentes nos pacientes com depressão:
Tristeza durante a maior parte do dia;
Perda de interesse nas atividades cotidianas;
Ganho ou perda de peso/apetite;
Insônia ou sonolência acentuada;
Cansaço constante;
Sentimentos de culpa;
Pensamentos de morte ou suicídio;
Movimentos lentos ou acelerados;
A depressão nos idosos, de certa maneira, compartilha fatores de risco com outras faixas etárias. Eventos adversos como a perda de uma pessoa próxima, o desemprego ou algum trauma psicológico contribuem para o desenvolvimento da doença tanto nas pessoas mais velhas quanto nas mais jovens.
No entanto, existem fatores de risco mais importantes nos idosos, que não são usualmente observados em pessoas mais jovens. Os sentimentos de inutilidade e de ser um fardo para os familiares contribuem para o acometimento da depressão nessa população. Além dessa perda de função social, o afastamento da família também pode ser um fator de risco mais específico para os idosos.
É preciso estarmos atentos para mudanças de comportamento em pessoas idosas. Geralmente, a pessoa em sofrimento mental dá sinais de que algo está errado, cabendo à família e aos seus cuidadores considerarem esses indícios. Se o idoso passa a não atender às ligações ou chamadas de vídeo, começa a queixar-se mais constantemente de dores no corpo ou, ainda, relata alterações no sono ou no apetite, um médico de confiança deve ser informado o quanto antes.
Além disso, a família deve se atentar para frases como:
“Eu gostaria de dormir e não acordar”;
“Eu estaria melhor morto”;
“Não quero ser um peso para ninguém”;
“Deus, leve-me, por favor”;
“Eu só queria poder ficar na cama para sempre”;
A terapêutica relacionada aos quadros de depressão evoluiu muito nos últimos anos. Hoje, existem diferentes classes de drogas eficazes para o tratamento da depressão, doença que é um fator de risco importante para o suicídio. Além disso, podemos lançar mão de diferentes terapias psicossociais que se mostraram eficazes no tratamento tanto da depressão leve quanto das formas moderada e grave do transtorno.
No entanto, é necessário haver um engajamento da família no tratamento. É essencial que os familiares dos idosos entendam que a depressão é uma doença que exige tratamento médico. É preciso vencer o estigma relacionado aos adoecimentos mentais e procurar ajuda. Nesse sentido, o médico geriatra é um importante aliado na prevenção ao adoecimento mental em pacientes idosos. Não deixe para depois o cuidado com quem você ama. Agende hoje mesmo a sua avaliação.
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